“O progresso chegou”, diz moradora de Campinas ao ver avanço do saneamento

“Pesado era, mas eu vim da roça. Lá no sítio, onde eu me casei, o poço era de 32 metros, o daqui tinha uns 20”, diz Cleuza Racanelli, 76 anos, ao lembrar de como era a casa em que mora há mais de 45 anos, quando chegou ao bairro Jardim Vista Alegre, em Campinas (SP). Acostumada a puxar o balde de 20 litros do poço em Alto Piquiri, no Paraná, ela conta, aos risos, dos tempos em que precisava puxar água no ‘muque’, também no interior de São Paulo.

Quando se mudou com os dois filhos e o marido para Campinas, o bairro não tinha infraestrutura alguma. “Construímos o poço antes mesmo de construir a casa e era de serrilho, com manivela, depois que colocamos a bomba, porque quando chegamos aqui não tinha nem energia. Esgoto também não tinha. Era fossa e nós sempre tínhamos muita atenção para não jogar nada na descarga e isso ir parar na fossa. Eram momentos bem complicados, sofremos com a falta de estrutura”, relembra. 

Dona Cleuza e a filha brindam pelo acesso ao saneamento que mudou suas vidas.

Campinas: nota 10 em todos os itens avaliados no ranking 2025

Tempos difíceis e de realidade bem distante do que Dona Cleuza vê hoje. Se antes ela precisava lutar por melhorias, como água e esgoto, hoje ela vê Campinas em lugar de destaque quando o assunto é saneamento – a cidade lidera o Ranking do Saneamento 2025, segundo estudo do Instituto Trata Brasil, recebendo nota dez em todos os quesitos avaliados.  

Chegar ao topo do ranking é resultado de trabalho diário e construído ao longo do tempo, com a expansão dos serviços de água de esgoto e a adesão da população, cada vez mais consciente da importância dos serviços. 

Lá no passado, a Dona Cleuza lamentou o ‘fechamento’ do poço. “Quando vi a primeira caçamba de terra para jogar no poço eu chorava muito, mas eles passaram água tratada e o poço iria prejudicar. Graças a Deus o progresso chegou.”  No lugar que antes abrigava o poço, hoje existe uma estrutura para varal de roupas. 

Dona Cleuza tem orgulho das conquistas do bairro – por anos, ela pertenceu à associação de moradores e muito do que existe é resultado do trabalho dela e do marido. Asfalto, água, esgoto, creche.  “Eu não mudo daqui, eu amo muito este lugar. Tudo o que tem aqui eu lutei muito para conseguirmos”, diz. 

A alegria em ver a fossa desativada

Se de um lado a família de Dona Cleuza lamentou ter de desativar o poço, eliminar a fossa foi uma grande alegria. “A água do poço era boa, nós tomávamos direto, usava para tudo. Ninguém adoecia. Agora, ter fossa era ruim, embora ela nunca tenha tido problema de vazar ou entupir,  o cheiro era muito ruim e quando chovia piorava”, lembra Sandra Valéria Agostinis, 54 anos, filha de Dona Cleuza. 

“Sem contar que a fossa ficava na frente de casa e nós tínhamos medo de cair dentro dela, tínhamos medo de passar por cima e cair. Às vezes as pessoas não fechavam direito e acabam ocorrendo acidentes”, diz Sandra. O poço ficava no fundo, entre a casa da família e a edícula em que morava o tio e um amigo da família.

Sandra passou alguns períodos morando em outro bairro, mas voltou à casa dos pais recentemente. Ela acredita que os avanços em saneamento foram muito grandes. “Na minha região melhorou muito. Campinas cresceu absurdamente, ainda existem dificuldades, mas os  avanços foram inúmeros. Aqui temos uma das melhores águas em questão de tratamento”, diz. 

Cidade universalizou serviços de água e esgoto antes do previsto 

Segundo a Sanasa (Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A), os serviços de abastecimento de água, coleta, afastamento e tratamento de esgoto foram universalizados antes do previsto pelo Novo Marco Legal do Saneamento – a lei estabelece que até 2033 nos municípios brasileiros, 99% da população deve ter acesso à água tratada e 90% à coleta e tratamento de esgoto. 

Desde 2021, a Sanasa investiu quase R$ 1,1 bilhão para a execução do Plano Campinas 2030. Por meio dele, foram entregues 20 novos reservatórios de água potável, elevando para 196 milhões de litros de água armazenada para atender a população por 20 horas em caso de incidentes que comprometam a água do Rio Atibaia, que abastece Campinas, ou em situação de falta de energia que impeça a captação. 

Redução nas perdas de água tratada beneficia rios da região

Esses reservatórios reforçam o abastecimento de mais de 350 bairros, beneficiando mais de 750 mil moradores.  Além disso, foi feita a troca de 473 km de redes de água antigas por novas, o que favorece a redução do índice de perdas de água na distribuição que atualmente é de 18,02%, um dos mais baixos do Brasil –  a redução nas perdas reflete em menor retirada de água dos rios, promovendo a vitalidade das bacias. 

Também foram construídos seis quilômetros de adutora de água bruta para levar água para ser tratada nas Estações de Tratamento 3 e 4; 40 km de novas subadutoras para reforçar o abastecimento da cidade e melhorar a distribuição de água por meio de um macro anel; mais de 240 km de novas redes de água foram construídas em Campinas, alcançando mais pessoas com água tratada de qualidade; e mais de 190 km de novas redes de esgoto para levar saúde e dignidade à população. 

Crescimento de ligações individuais foi de 154%

Em núcleos residenciais, foram realizadas mais de 100 intervenções, o que beneficiou 33.344 pessoas com a individualização de água e outras 50 mil passaram a ser atendidas com ligações coletivas. Comparado aos quatro anos anteriores (2017/2020), o número de individualizações cresceu 154%.

A atuação nos núcleos residenciais atende ao princípio da “água como elemento fundamental à vida”, definido pela Organização das Nações Unidas. Da mesma forma, o esgoto gerado em núcleos que aguardam processos de regularização fundiária precisa ser recolhido e levado às estações de tratamento.

Fonte: Sanasa

 

Texto: Chris Reis

Fotos: Shutterstock e acervo da família.

Fontes

https://www.sanasa.com.br/campinas-e-campea-no-ranking-nacional-do-saneamento/ 

https://tratabrasil.org.br/casos-universalizacao-realidade-tres-municipios/#:~:text=Casos%20positivos:%20universaliza%C3%A7%C3%A3o%20do%20saneamento%20%C3%A9%20realidade,do%20pa%C3%ADs%20*%2030/04/2024.%20*%203%20min

https://tratabrasil.org.br/campinas/