Destaque em saneamento, São José do Rio Preto amplia inclusão social

Dos tempos sem água tratada e sem esgoto, a autônoma Leonice da Silva Fernandes, 62 anos, só guarda um latão de 200 litros, o qual hoje ela acomoda peças de roupa que vende em um brechó, e as memórias do quanto era difícil obter água para os afazeres domésticos. “Aqui era poço, a água era boa, mas aí ele secou e a bomba só puxava água barrenta. Aí tivemos de pegar água na casa dos amigos e vizinhos“, lembra a moradora do bairro Brejo Alegre, em São José do Rio Preto (SP). 

Leonice guardou o latão, que antes enchia de água para o consumo e hoje abriga as roupas que vende em um brechó.

Durante quase cinco anos, buscar água na casa de um amigo do marido foi rotina. “Meu marido colocava o latão na caminhonete e enchia com a água do poço desse amigo. Usávamos essa água para tomar banho, lavar roupa e cuidar da casa. A gente tirava o latão da caminhonete e colocava a bomba dentro dele para puxar a água para a caixa d’água. Para beber e cozinhar, comprávamos água no mercado. Era muito difícil”, reforça Leonice Fernandes, que à época morava com o marido, dois filhos e um neto.

Moradora do Brejo Alegre há 17 anos, Leonice nunca teve fossa séptica em casa. O esgoto das casas era ligado a tubos maiores e depois acabava sendo jogado em trechos mais distantes. “O esgoto era clandestino”, resume. 

Crescimento da cidade vem sendo acompanhado com ampliação das redes de água e esgoto.

Água forte e esgoto regular: a virada no Brejo Alegre em 2025

Parte do bairro Brejo Alegre não contava com redes de água tratada e esgoto. Segundo o Serviço Municipal Autônomo de Água e Esgoto (Semae) do município, os serviços foram entregues à população em agosto deste ano. Até então, boa parte das casas fazia uso de fossas e, em algumas ocasiões, havia o despejo de esgoto a céu aberto. No caso da água, os moradores mantinham poços que eram muito rasos e secavam, gerando ainda mais dificuldades às famílias. 

“Agora posso dizer: o que faltava mesmo era a água. Hoje temos uma água forte, que tem força para encher até a máquina de lavar. Não temos problema de falta de água como era no começo”, disse Leonice. Quanto ao esgoto, ela detalha que a obra na rua contemplou a construção de galerias e que antes, como havia os tubos grandes que integravam o sistema clandestino, não havia mau cheiro nem dejetos na rua. 

Este ano o Semae também fez outras entregas em bairros como o Vale do Sol, Campo Verde e Estância Santa Catarina, beneficiando  635 famílias. Além disso, os técnicos realizam estudos para o abastecimento em bairros localizados na região do bairro Vila Nobre.   

São José do Rio Preto está em 4º lugar no Ranking do Saneamento 2025 do Trata Brasil.

Rio Preto avança no saneamento e projeta futuro com mais inclusão

Atualmente, São José do Rio Preto atende à população do perímetro urbano em 100% quando o assunto é abastecimento de água. Segundo o Semae, a infraestrutura inclui mais de 2.400 km de redes, 152 sistemas de abastecimento, 230 reservatórios e 395 poços, entre os aquíferos Bauru e Guarani. A produção anual é de 50,5 milhões de m³ de água, com índice de perdas de 20% — um dos menores índices do Brasil.

Quanto ao esgoto, 100% de tudo o que é coletado recebe tratamento. No ano passado, foram tratados mais de 39 milhões de m³ de esgoto. O cenário de hoje rendeu ao município o 4º lugar no Ranking do Saneamento 2025 do Instituto Trata Brasil, reflexo do trabalho contínuo desenvolvido desde 2001, quando a autarquia foi criada para administrar os serviços de água e esgoto. 

Sistemas são ampliados para atender à demanda do crescimento populacional.

Segundo o chefe de captação de água do Semae, Carlos Fossa, atualmente, o foco são os estudos de expansão do sistema, já prevendo o crescimento da população nos próximos anos. “Novos projetos de perfuração de poços e o desenvolvimento do projeto do Rio Grande, juntamente com sua integração ao sistema existente, são os focos no abastecimento. Já no tratamento de esgoto, o foco está na construção e substituição de interceptores, melhorando as condições de escoamento para a ETE/Rio Preto, além de ações voltadas para a redução da contribuição de água de chuva na rede coletora.” 

Vista aérea do terminal urbano e da biblioteca municipal de Rio Preto.

Ações de reflorestamento e recuperação do meio ambiente recebem atenção, assim como a continuidade dos processos de automação e modernização tanto na operação quanto na administração, financeiro e relação com o usuário.

“Temos o atendimento da Tarifa Social e a regularização definitiva dos loteamentos da cidade, o que permitirá que todos tenham acesso a serviços dignos e de qualidade, que desde 2022 já atendem ao disposto no Marco do Saneamento para 2033. Vale destacar que Rio Preto foi uma das primeiras cidades do Brasil a atingir a universalização dos serviços de água e esgoto”, disse Carlos Fossa. São José do Rio Preto foi universalizada em 2022.

Recuperação do meio ambiente é destaque nos investimentos feitos em saneamento.

Texto: Chris Reis 

Fotos: Arquivo pessoal Leonice Fernandes.

Fotos da cidade: Marcos Morelli / SMCS.

Fonte: Ações de ampliação das redes / Prefeitura SJRP / Ranking Trata Brasil.