COP30: saneamento básico é peça-chave contra a crise climática

O saneamento básico está no centro das discussões e a tendência é que ganhe vez mais destaque até o dia 21 de novembro, na COP30, por estar diretamente relacionado às mudanças climáticas e à proteção das populações mais vulneráveis.

Qual a relação entre as mudanças climáticas e saneamento?

Eventos climáticos extremos – como secas, tempestades e ondas de calor – podem comprometer a infraestrutura de água e esgoto, causando risco de contaminação das fontes de água e sobrecarga dos sistemas de drenagem. Isso afeta a saúde pública e a qualidade de vida, especialmente nas comunidades que já enfrentam dificuldades no acesso ao saneamento.

Situações como o tornado que atingiu o Paraná e destruiu a cidade de Rio Bonito do Iguaçu, dias antes da COP30, e a grande tempestade ocorrida no ano passado no Rio Grande do Sul demonstram a urgência de iniciativas preventivas.

Os mais vulneráveis são os que mais sofrem com eventos climáticos extremos. Segundo o Censo de 2022, no Brasil, 49 milhões de pessoas vivem sem acesso à coleta de esgoto em suas residências. Em episódios de ciclones ou alagamentos, moradores de comunidades periféricas são os primeiros a ficarem sem água potável e a sofrerem com a contaminação provocada pelas enchentes. O desafio vai além do clima: é necessário que empresas e poder público atuem juntos para enfrentar esse problema.

Resiliência hídrica

Além disso, o saneamento é fundamental para garantir a resiliência hídrica, ou seja, a capacidade de manter o abastecimento de água, de se adaptar e se recuperar mesmo diante de variações climáticas severas, como secas e enchentes. Essa habilidade de cuidar e proteger os recursos hídricos para o presente e o futuro também é tema na COP30.

Durante a abertura do evento, o secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês), Simon Stiell, afirmou que o papel central da COP é ser um espaço de reflexão sobre o processo climático global.

“Estamos na foz do maior rio do mundo, e o que ele nos ensina é que grandes resultados vêm da convergência de muitos fluxos. A COP precisa funcionar da mesma forma, impulsionada pela cooperação e pela coragem”, disse Stiell. 

Já o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, ressalta que a Conferência marca o início da década da implementação do Acordo de Paris:

“Esta COP precisa ser lembrada como a COP da ação, uma conferência que transforma compromissos em resultados. É o momento de integrar clima, economia e desenvolvimento, criando empregos, reduzindo desigualdades e fortalecendo a confiança entre as nações.”

Como se preparar para o futuro?

A gestão sustentável dos recursos hídricos, o controle da qualidade da água e a adoção de tecnologias como o reúso contribuem para um uso mais eficiente dos recursos e a proteção dos ecossistemas, atuando também na mitigação dos impactos ambientais.

Na COP30, o saneamento básico é tratado não apenas como uma questão de infraestrutura, mas como uma ferramenta estratégica para adaptação climática global. O Brasil, país-sede do evento, aproveita a oportunidade para apresentar seus avanços e desafios, além de alinhar o tema com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 6 da ONU, que prevê água potável e saneamento para todos.

Por fim, a Casa do Saneamento, instalada pela FUNASA especialmente para a COP30, simboliza o compromisso do Brasil em construir soluções e reforçar a importância do saneamento como um dos pilares no enfrentamento da crise climática, protegendo a saúde da população e o meio ambiente.

Garantir o acesso ao saneamento é apostar em um futuro melhor e enfrentar, com mais preparo, os desafios trazidos pelas mudanças climáticas.

Texto: Andrea Santa Cruz

Fotos: Flickr

Fontes:  Trata Brasil | Agência Gov | Aegea Blog | Casa do Saneamento| COP30